Observando o bailar das ondas...
encontro a magia oculta sob as espumas do mar...
encontro a magia oculta sob as espumas do mar...
" O Mar e a Areia "
O mar busca apaixonado a areia, sempre querendo alcançá- la...,
formando suas ondas...,
explodindo em espumas de amor...
esticando- se num esforço desmedido...
sussurrando poesias
para com um beijo molhado
deleitar-se ao sentir sua alva face!
Gostaria ele de permanecer alí...
indefinidamente estático...
sentindo...
sorvendo...
acalentando sua amada...
ligados por um eterno beijo! Porém o movimento faz parte de sua natureza,
e o desejo de tocá- la
tornou-se o sentido único de cada momento de sua existência...
Mas iludido não sabe ele,
absorto em sua paixão,
que tal sacrifício se faz desnecessário.
Pois, se parasse para olhar dentro de si mesmo,
para as profundezas de seu ser...
num único momento de introspecção,
saberia que ele e a areia sempre estiveram intrínsicamente unidos...
num abraço apertado
substância à substância, inseparáveis...
Ela sempre fôra a base
Ela sempre fôra a base
o sustentáculo de seu ser,
abrigando-o sobre seu colo amoroso...
Mas ele fixado somente na superfície,
dela só enxergava a face iluminada..., de dia pelo sol...
e de noite pela lua...,
e de noite pela lua...,
Insensível a energia que pulsava sob seu corpo revolto...
ou mesmo na calmaria,
dela só via o que estava descoberto
o sorriso que dela expandia..., feliz..., iluminado...!
Pois estivera sempre alí
sentindo-o por inteiro,
entregue...
misturando- se a ele...
dançando com ele, mesmo que imperceptível,
a dança das ondas...
deixando-o penetrar profundamente o seu ser na arrebentação de cada onda...
Sentir seus beijos,
o sal de sua boca,
para ela, o extase de sua relação de amor eterno...,
para ele,
a busca insaciável do todo,
do que sua cegueira o impossibilitava ver, sentir...
a felicidade interior
aquela que sem que soubesse o impulsionava para o movimento
para o beijo
para a busca do gozo...
para expansão de sua realidade... ,
sendo sempre sua alavanca,
seu estímulo...,
seu incondicional leito de amor...
E assim vive o mar
na cega busca por uma parte dáquilo
que sempre há ele pertencera por inteiro...
Mas se um dia
o mar vestiu-se em total calmaria
sob o testemunho do sol
e da lua
e da lua
num cúmplice eclípse de amor...
foi por que na falta
da luz exterior
da luz exterior
sem poder vislumbrar a face da areia
num sofrimento
num sofrimento
inconsolável...
verteu-se para as suas profundezas...
e num súbito espanto
constatou num pranto mixto de alegria e dor
que sua amada alí vivia...
instalada em suas entranhas
aberta à seu amor...
Quanto tempo desperdiçado num esforço inutil
gastando energia ...
para alcançar algo que sempre fôra inteiramente seu...
Porém hoje,
quando o eclípse se faz
o mar cobre a face da areia
e a toma toda para si,
num ato silêncioso
num ato silêncioso
e profundo misturam- se...
e no aconchego morno de seu leito, fundem- se...
num terno beijo de Amor...!
CLAUDIA ABREU
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