segunda-feira, 21 de março de 2011

" FILHOS"...


                                 


F - de fazer..., fabricar..., formar..., de fluir, de fantasia, de fé, de fecundo..., de felicidade..., de flexível..., de fortalecer...
I - de ilimitado, de incondicional, inconfundível.
L – de liberdade..., de lição..., de lealdade..., de luta, de latente..., de luz...
H – de herança... , traz consigo uma pequena protuberância, que demonstra sua personalidade, seu diferencial  em espírito e carne.
O – demonstra a originalidade do ser, mesmo nascendo da mesma fonte.
S – de sacrifício... , de sangue, de sabedoria, de sacrossanto, de sustentáculo, de satisfação, de secreto, de semente, de sentimento..., nos coloca no sentido de pluralidade..., de cumplicidade..., do que antes era único, para uma multiplicidade ou ato de expandir-se, que certamente deve ser experiênciado, sentido...
         Filhos..., que palavra profunda, um misto de peso e leveza, de alegria e sofrimento, de felicidade e pesar, de realização ou fracasso em si, de crença ou descrença no futuro, uma sensação de eternizar-se, de santificar-se, de uma ligação muito estreita com Deus...
      Ver nascer de si, algo tão perfeito e sublime, nos dá a certeza de que a vida em si é um verdadeiro milagre!
Um milagre concebido do mais puro e indescritível amor... , creio que só desta maneira seja possível sentirmos com clareza d’alma, a dimensão do amor de Deus, permitindo que sua criação de igual forma seja capaz de criar em suas entranhas através de uma combinação biogenética, através uma relação de amor ou simplesmente física, uma nova vida, um novo ser...
       E me pergunto, o que traz consigo este novo ser? E de que forma estamos envolvidos com esta nova vida? Que tipo de relacionamento e sentimentos estreita essas almas?   Quantas questões se erguem, se fazem nos caminhos da eternidade?  O que temos de resolver aqui e agora dentro de nós?
      Por que se são todos filhos, uns são tão próximos e íntimos em essência, enquanto outros, tão frios e distantes, tão diferentes da fonte?  Como pode ser possível se ao nascerem, dedicamos a todos o mesmo amor, os mesmos cuidados, a educação fundamentada nos mesmos valores, o mesmo leite sagrado?
      De onde vêm as diferenças, as tendências para o bem e para o mal, para o orgulho e humildade desequilibrados, exacerbados, para a simplicidade em ser ou sede ilimitada de poder?   De onde surgem as qualidades e características de caráter tão distintos, se a todos foram oferecidos os mesmos ensinamentos e as mesmas condições de vida?
      Por que quando alcançam uma certa idade, algo se transforma dentro deles, e as vezes passamos até a desconhece- los, estranhá-los?
            Por que com um olhar um te mostra à alma, e o outro se esquiva?
            O que somos? Mães de corpos ou de almas?
      Portais carnais, o único meio por onde se faz possível ingressar na vida ?
      O corpo nada mais é que uma fábrica de veículos, uma entrada, um meio ?!
       O que nos liga uns aos outros, pais e filhos? Onde se iniciou esta relação, esta ligação?  Por que uns são fardos tão leves e prazerosos e outros tão pesados e insustentáveis?
         Filhos..., filhos..., como explicá-los, como explicar esta condição? Se todos somos...! 
          Como desvendar este mistério?
          Como responder a tantos questionamentos?
          Como se desfazer este emaranhado de nós, de fios entrelaçados? Onde começou e como começou, onde acabará e como acabará está linha de relação existencial?
Inteira ou esgarçada?  Não sabemos, não conscientemente! Porém temos o dom de sentir..., um sentido que se encontra além do corpo, que se inicia na alma e transcende no espírito eterno..., o que não sabemos explicar, mas que se explica por si só, em cada atitude, em cada gesto, em cada movimento, em cada expressão..., em todas suas ações e palavras; pois ações são movidas por sentimentos, emoções, lembranças, impressões...
           O amor é um dom natural, próprio, já o ódio, e as demais adversidades nascem das diversas situações antagônicas que a vida nos impõe ou impomos à vida.
            Sinto que vivemos numa rede intrincada de ações e sentimentos interligados por nós, que nos unem uns aos outros.
A questão é como desfazer os nós da consciência, transpor a inconsciência, acender a luz, abrir o terceiro olho, para o qual não existem véus..., nem mistérios.
              Estaríamos prontos para encarar de frente o que realmente fomos, quem realmente somos? O que fomos capazes de fazer durante nossa interminável  jornada de experiências  através da grande roda sansárica, e ainda hoje, sem que nos apercebamos, continuamos fazendo?  Será que temos a consciência profunda e abrangente de cada uma de nossas ações perante nós mesmos, nossos filhos e perante o mundo, perante essa rede existencial?
         Que mistérios permeiam a vida, e a tornam impermeável?  Ou a tornamos impenetrável por medo de nós mesmos? Seja como for, resta a certeza de que temos muito a desvendar a respeito de nossa condição neste planeta, de nossas relações afetivas, de nossa espécie humana, de nós mesmos quanto seres espirituais, de nossa essencialidade, de nossa existêncialidade. Dessa estreita ligação que forma essa teia de relacionamentos intrincados, apaixonados, íntimos, indiferentes, rancorosos, antagônicos, felizes, tranquilos, equilibrados, conturbados e etc... Tamanha é a complexidade dos relacionamentos ligados por sentimentos pendentes, mal resolvidos, ou em estado de resolução, que se desencontram e encontram no tempo e no espaço, nascendo, morrendo, renascendo, destruindo, construindo, estacionados, ou fluindo em algum ponto de alguma nova existência, estreitando, estreitando..., até que haja uma completa integridade de consciências, onde não existam mais nós, e sim uma linha livre, uma teia feita sem nós, e sim por simples e pura adesão, onde tudo flua de forma a tender para a liberdade do “ser”..., num  único correto e profundo sentido moral e amoroso, levando- nos de encontro a fonte interior da felicidade, ao entendimento, ao não julgamento, ao perdão, a sabedoria in natura,  ao desimpedimento total...
Aonde sejamos apenas caminhos abertos para a luz..., portais da eternidade, sementes que florescerão nos campos férteis do cosmo, do universo sem fim...
                                            Claudia Abreu



    “ESQUEÇAMOS O LAPSO DE TEMPO; ESQUEÇAMOS OS CONFLITOS DE OPINIÕES. APELEMOS PARA O INFINITO E TOMEMOS NOSSAS POSIÇÕES NELE.”
                                                      (CHUANG TSÉ)



    “A TRANQÜILIDADE ABSOLUTA É O MOMENTO PRESENTE, EMBORA ELA ESTEJA NESTE MOMENTO, NÃO EXISTE LIMITE PARA ESTE MOMENTO, E NISTO RESIDE O DELEITE ETERNO”.
                                                                 (HUI- NENG)



    “AO FINDAR- SE  A NOITE DO TEMPO, TODAS AS COISAS RETORNAM A MINHA NATUREZA; QUANDO COMEÇA O NOVO DIA DO TEMPO, TRAGO-AS NOVAMENTE À LUZ.
ASSIM, ATRAVÉS DE MINHA NATUREZA, TRAGO LUZ  A TODA A CRIAÇÃO E ESTA GIRA EM TORNO, NOS CÍRCULOS DO TEMPO.
MAS NÃO ME ENCONTRO PRESO A ESTE VASTO TRABALHO DE CRIAÇÃO. SOU E OBSERVO O DRAMA DOS TRABALHOS.
     OBSERVO E NESTE SEU TRABALHO DE CRIAÇÃO, A NATUREZA TRAZ A LUZ TUDO AQUILO QUE SE MOVE: E, DESSA FORMA, PROCESSAM-SE OS CICLOS DO MUNDO.”
                                                
KRISHNA ( BHAGAVAD GITA )