segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EQUÍVOCO...





        Do irreal conduz-me ao real
        Das trevas, conduz- me a luz !
        Da morte, conduz-me à imortalidade...!
                        Brihad- aranyaka  Upanishad
                                                                                                
( Aquele que é a essência mais fina- o mundo todo o tem como sua alma.
Aquele é a Realidade. Aquele é Atman. Aquele és Tu. ) Upanishades.

              Refletindo sobre os inúmeros equívocos desta vida, um em especial, me causa, digamos, certo incômodo, soando- me como algo totalmente insensato. Por isso creio eu, deva ser debatido de forma lúcida, liberta de todo e qualquer preconceito.
          A este equívoco denominamos "morte", porém como até o nome me parece inadequado, gostaria sugerir substituí- lo, por transmutação ou transposição; ato de modificar-se ou ato de alterar- se, passar além, deixar atrás, exceder...

    Acredito que desfeito o incômodo inicial, estejamos prontos ou mais aptos a iniciar este momento de questionamentos e reflexões profundas sobre este tema o qual evitamos comentar por nutrirmos um medo desnecessário, em parte ligado ao bloqueio mental e outra a falta de conhecimento, informação ou até descrença, já que nada pode ser realmente provado cientificamente sobre a natureza espiritual do mesmo, e por este conhecimento sobre a experiência em sua forma real,

 estar além da mente consciente. O que vem de encontro à necessidade de urgente desvelamento, mesmo porque a morte ironicamente é a única coisa da qual temos certeza nesta vida.
Desde que acordei para o lado espiritual e comecei a estudar sobre o assunto e selecionar informações através de meu crivo e voz interior, descobri que nascemos em condições predeterminadas por nós mesmos, lógicamente ainda em espírito, num lar, com pessoas e situação física e econômica também predeterminadas, objetivando uma série de ajustes de dívidas ou questões que devem ser buriladas, resolvidas, superadas, para que haja um desdobramento maior do eu, da compreensão de uma escala uníssona onde todos perdem se optarem pela individualidade, pelo egocentrismo e egoísmo, tendo em vista a superação através do conhecimento obtido com a apreensão do todo, do que é bom para mim é igualmente para você, e da mesma forma o que é mau, é mau para todos...
 A vida transcorre sobre uma série de situações criadas pelos sentimentos e emoções nascidas e alimentadas pela percepção do ego iludido pelas sensações do mundo e suas armadilhas.
Assim vivemos por certo tempo ou tempo necessário e suficiente para que possamos ajustar nossos ponteiros interiores, aprendendo, entendendo, perdoando, superando, valorizando, desfazendo conceitos de uma série de coisas que são necessárias para o nosso desbloqueio mental, ocasionando assim, o crescimento espiritual. Durante esse processo no tempo previsto, vivemos as fazes da vida e experiências a que nos propomos e nosso corpo envelhece e transmuta (morre).
Quando refiro- me a espiritual, refiro- me a essência, imanência, a forma original, já que somos espíritos trajando corpos de carne e ossos, matéria essa, extremamente densa, interferindo profundamente em nosso manancial energético, vindo a bloqueá- lo, até que encontremos em nós o mapa do tesouro e possamos resgatá- lo ,aprendendo a lidar  com ele, trabalhando- o e superando os bloqueios  através da busca e desvelamento do conhecimento interior,da observância atenta sobre as coisas ,momentos e situações da vida, de nossas ações e sentimentos sobre ela em toda a sua complexidade, procurando manter sempre o equilíbrio entre as dualidades...,e  tendendo crescentemente  para o bem comum..., e o mais importante, cultivar diariamente a  mente clara..., o que nos leva diretamente ao caminho da consciência superior ou cósmica. 
Porém poucos o fazem, gerando com isso uma estagnação coletiva ou um emaranhado de ações e  sentimentos mal resolvidos, incompreendidos e interpretados, que vão se embolando feito novelo de lã, tomando proporções intermináveis, criando situações intrincadas que nunca são resolvidas, estendendo- se dessa forma, por várias encarnações, envolvendo sempre os mesmos espíritos encarnados e os mesmos sentimentos em questão.
Algumas pessoas me perguntariam:- Por que se faz necessário aprendermos trajando corpos de carne, por que não fazê- lo em nossa forma original ?
 Por motivo de sintonia, não podemos nos sintonizar ou sentir as coisas do mundo da matéria com a intensidade necessária à realidade deste mundo, se não estivermos encarnados, pois a carne nos limita o poder anímico ou a fluência da consciência cósmica, agindo como se fosse uma caixa de aço, interrompendo uma corrente de energia ou seu fluxo, quando posta sobre a mesma.Com isso, nossa energia fica isolada de seu manancial, tornando- se uma energia encapsulada ou bloqueada por certo tempo de seu fluxo natural, passando então a experiênciar a energia contida dentro da caixa e a interagir com ela, até que possamos descobrir em nós mesmos, uma forma de anular a energia mais densa do aço, que na verdade age como um bloqueio ilusório, desvendando-a e transmutando com isso a mente conceitual.
Colocando de uma forma mais simples, não podemos aprender sobre o medo, a raiva, os ressentimentos, o ódio, a inveja, o perdão, a paz e etc..., de forma legítima, se não vivendo estas experiências, que são próprias deste plano energético ou deste planeta.Porquanto fomos criados, de uma energia extremamente mais leve, a energia de amor do criador em sua forma mais fluida, mais pura, translúcidos como água cristalina, ilesos de qualquer sentimento impuro, de preconceitos e julgamentos, nascidos pela e para felicidade e êxtase num sentido intrínseco de unicidade e igualdade, com a consciência de sermos possuidores do mesmo potencial inato...
Como poderíamos então conhecer o perdão se não tivéssemos o que ou a quem perdoar, o medo se não tivéssemos nada e ninguém a temer, a dor se não tivéssemos como senti-la através do corpo físico e de outras inúmeras situações, relativas a este plano, onde ela se instala no âmago da alma, ou destroçando o coração; a paz se não nos confrontássemos com a guerra em todas as suas facetas e complexidades e a inveja se não tivéssemos o que ou a quem invejar, a tristeza se não soubéssemos por que a sentimos, qual sua  natureza e dimensão e de que forma podemos superá-la?
O universo é feito de várias...e incontáveis moradas, mundos com as mais diversas constituições físicas em níveis energéticos mais ou menos densos, são como escolas divididas em vários níveis ascensionais de aprendizado e conhecimento.             Suponho, que a nossa deva corresponder ao ensino primário.Contudo, todos temos um lar, numa dimensão extra mundos correspondente ao nível de entendimento e evolução espiritual na forma individual de cada um, onde vivemos com espíritos afins, que muito nos amam, e aos quais muito amamos.Como crianças nos preparamos para ser mandados à escola, os que ficam, torcem para que consigamos alcançar nossos objetivos traçados e baseados nas leis de amor e conduta do Criador, que regem todo o universo unificando- o em si, a fonte geradora de todo amor e conhecimento..., afim de que possamos galgar novos aprendizados evoluindo em nós mesmos, para o crescimento, amadurecimento e valorização no bem comum.Para tal, nascemos nessas escolas e recebemos o uniforme correspondente a realidade metafísica das mesmas e as nossas necessidades individuais dentro do projeto e processo experiencial e evolutivo de cada um.  Ao recebe- lo vamos sofrendo de um bloqueio mental gradativo, no que se refere as lembranças essenciais ou anímicas, para que haja o desligamento, evitando assim uma série de coisas, como por exemplo, a saudade explícita do lar espiritual, por ser um lugar aconchegante e divinal..., onde vivemos imunes de todo mal, onde a paz impera..., o amor e a felicidade reinam..., e a música sublime e transcendental embala nossos momentos... sob a luz radiante de Deus, de sua energia serena e purificadora, onde somos fachos desta luz e nossas consciências se fundem tamanha a afinidade e alegria que nos mantém unidos...
 Por esses e outros motivos nossas lembranças são bloqueadas, para que não queiramos desistir ou enfraquecer por qualquer motivo e aprendamos a valorizar o que nos está sendo oferecido, pois para afirmar em nós o Amor e todos os sentimentos que o seguem, temos de vivenciar o lado oposto, testando e fortificando dessa forma nossa essencialidade, nosso amor, nosso poder de compreensão, de entendimento do conhecimento de origem, de nossa sabedoria inata, de nossa intuição que nos levará a optar pelas ações corretas, pela verdade universal, que, todavia se encontra oculta, mas não bloqueada dentro de nós.
Para chegarmos a tal, precisamos da fé interior, ela nos guiará ao eu superior que está conectado diretamente ao conhecimento cósmico, a fonte da sabedoria, para que possamos beber dela sempre que necessário.
 As provas da escola da vida são muitas e de formas variadas dentro de sua complexidade, e geralmente nos pegam de surpresa, pois são aplicadas de acordo com nossas necessidades de aprendizado, que são selecionadas automaticamente através de nossas ações movidas por sentimentos e emoções voltadas para o bem ou para o mal. A intenção das mesmas não importando a situação, sempre é a mesma, fortificação e evolução no amor, que é a substância criadora e mantenedora de nossa natureza intrínseca.  Portanto, tudo nos é permitido, o importante é que cheguemos a conclusão de que apenas o amor vale a pena e que só através dele podemos viver nossa essencialidade, que são plena felicidade, paz interior e a unicidade.
Com tudo muitos alunos não conseguem passar pelos testes da vida, pois se agarram tanto a ela e as ilusões da matéria que acabam silenciando a voz interior, bloqueando sua natureza, os canais energéticos que nos permitem os insights. Com isso adoecem no orgulho de si mesmos, de suas conquistas materiais, de sua prepotência, de sua autossuficiência, de seu egoísmo, que passam a ignorar seu lado espiritual e o lado espiritual de tudo que os cerca, como também dos sentimentos e leis alicerçais o que é lastimável, pois que se perde muito tempo relativo à evolução, com as consequências de atos levianos.
Sendo assim a morte vira um bicho papão, pois se está tão preso a vida e a tudo que foi conquistado materialmente e sentimentalmente que não se suporta a ideia de deixá-la; estendendo- se a mesma sensação as pessoas com quem convive, como se nunca mais fosse vê- las ou estar com elas, o que sabemos ser mais um engano.
Devemos ter em mente que a morte não deve ser temida, pois é apenas uma transposição ou um espaço de tempo onde novamente em estado  lúcido de nossa essencialidade, possamos avaliar nosso aprendizado e as coisas que não conseguimos superar ou interiorizar como: os erros cometidos, as injustiças, a indiferença, o egoísmo, a empáfia e tudo o mais de negativo e também de positivo lógicamente, durante o percurso de digamos escolaridade experiencial.
Tudo é avaliado, tanto as ações no bem, quanto no mal, como tudo o que poderia ter sido feito e não foi. Tudo é medido, pesado e muito bem analisado para que se possa chegar a um resultado final, voltar à mesma escola para o ressarcimento, entendimento e polimento que faltam ser adquiridos, ou mesmo por total falta de resultados positivos, regressar em uma escola mais atrasada para assim resgatar as oportunidades, aprendendo a usar-se daquilo que já é conhecido, mas que foi ignorado, para alavancar a evolução de outros mundos habitados por espíritos ainda brutalizados. Ou ainda por total superação do condicionamento da mente sobre as coisas da matéria, ingressar em experiências mais profundas em mundos mais evoluídos de matéria mais fluídica, mais propensos ao lado espiritual que físico, o que corresponderia passar para uma série mais adiantada ou superior, abrindo- se para um universo inimaginável e extasiante; 
em verdade são muitas as situações, cada caso é um caso e tudo depende do tipo de ação e sentimentos de cada um.
    Por isso temos de ter a consciência de eternos aprendizes, pois que o pai cria de forma ininterrupta e magnificamente abrangente, originando um movimento profuso de novos conhecimentos, difícil de ser traduzido, pois que está muito além do que possamos imaginar em nosso atual estado psíquico.
Portanto, existem ainda muitos uniformes a serem trocados e superados através das experiências de morte, muitas e intermináveis escolas à serem frequentadas e universos inteiros à serem transpostos, já que o conhecimento é o néctar da vida em qualquer estágio desta, e esse se renova a cada milionésimo de segundo de tempo, num movimento contínuo de propulsão, transmutação e êxtase...
A morte é apenas a passagem para a liberdade do conhecimento ou autoconhecimento, a premissa que nos levará a uma forma muito especial de consciência, a consciência cósmica...
Dessa consciência fomos criados, e quando estamos ajustados a nós mesmos conhecemos então nosso verdadeiro poder, um poder para o qual não existe tempo ou espaço, um poder que nos eleva a condição de cocriadores do universo, de artesãos da energia cósmica, do verbo divino, de nossa própria substância energética, de nosso universo interior que é a pura expressão da arte, da liberdade, da magia, do poder de criação, de transformação, de superação e de cooperação..., essa é a nossa natureza...
Por isso costumo dizer que há muitas coisas a se recordar, muitos segredos e tesouros valiosos escondidos dentro de nós, e se faz urgente suscitá- los, para deixarmos de sofrer por coisas banais.
   A morte é apenas uma passagem, um acesso justo para a liberdade e desobstrução da consciência maior, nós a merecemos, pois vivemos uma vida inteira, ou partes de uma vida, pois que cada um tem seu tempo devido, para chegarmos a ela, para alcançarmos os prêmios de nossas conquistas ou mesmo rever nossas perdas; de uma forma ou de outra da superação por menor que seja de nós mesmos, de nossas ações, da história que escrevemos nesse capítulo de eternidade...,
onde o entendimento pleno do conhecimento obtido ou não, ainda assim nos eleva a obtenção de novos conhecimentos, ou conhecimentos maiores, mais profundos, complexos...
     Por isso a única coisa que perece é o corpo físico, ou uniforme, enfim o veículo que usamos, um adaptador energético, para que possamos nos integrar nessas escolas e suas realidades físicas. Todavia o que realmente  sucumbe ou morre, são as funções vitais do corpo, que são regidas pela energia espiritual, por que a matéria em si, sofre apenas uma transformação físico-química, vindo a confirmar a sábia frase que diz:


 " No universo nada se perde, tudo se transforma"...!

                              Claudia Abreu
"O que é desprovido de som, tato, forma, imperecível,
          Da mesma forma sem sabor, constante, sem aroma,
Sem começo e sem fim, mais elevado que o grande, estável-
         Ao discerni- lo, o homem liberta- se da boca da morte".