Sejas minha amiga, alma amiga, se guardardes em ti o dom da dádiva da compaixão...
Um amigo deve ser cultivado como as flores dos jardins de um Imperador!
O jardineiro deste jardim deve assemelhar-se a terra, que se doa simplesmente sem nada cobrar ou esperar, que alimenta a flor com os nutrientes necessários e vitais ao seu bem estar, dando amparo as suas raízes num sentido único de respeito zeloso e amoroso, confiando e desejando seu pleno desenvolvimento... Não ter dúvida alguma de que a constituição da beleza de tal flor e do perfume que flui de seu interior contribuirão para a realidade de um mundo melhor, mais bonito...
Manter-se sempre aerada, para que nunca à flor falte ar! E se de adubo ela necessitar, para o seu melhor desenvolvimento, não dê-lhe à mais, nem de menos, excessos poderão prejudicar seu crescimento!
Porém se um dia desiludida com a própria beleza, ela estiver, não tenhas medo, pode-a, pois uma grande amizade se faz principalmente de sinceridade, cuidado e confiança..., visto que da poda, sempre nascem brotos viçosos!
Se murcha ela um dia aparecer, dê-lhe água fresca,
dividas com ela a tua sombra, mas nunca te esqueças de deixardes espaço para a entrada de um novo raio de sol!
Nunca deixes de intuirdes dela as necessidades, pois um amigo não deve esperar ser requisitado e sim saber a hora em que se faz necessário!
Jamais se comedirdes no saber doar-se, pois que o saber dar se faz apenas pelo entendimento da necessidade do outro e nada mais!
Um grande amigo não se faz apenas de letras que dão sentido a um nome, mas de ações, intenções e sentimentos verdadeiros e recíprocos, que unem almas num propósito comum, fazer deste, um mundo onde haja a verdadeira consciência da compaixão, o ato legítimo de saber dividirdes o pão místico da divina ceia. Sendo assim, certo estarás de que os Jardins do Imperador permanecerão intocáveis em sua beleza, pois todas as raízes crescerão em comunhão com a terra, explicitando o dom de reconhecerem-se em plenitude..., pois na terra da verdadeira amizade tudo se compraz e deleita...!
A verdadeira beleza de um jardim, não vem apenas da beleza das flores, mas principalmente, da forma como são cultivadas..., pois, se há amor no cultivo a beleza aparece...!
Cláudia Abreu
Obs: "A compaixão é o desejo que todos os seres – incluindo eu mesma – possam estar livres de sofrimento. Há um elemento de igualdade essencial ou respeito mútuo básico entre eu e os outros seres devido à interdependência. Envolve a compreensão livre de julgamentos do outro. É considerado um dos Quatro Estados Sublimes (ou Os Quatro Incomensuráveis) a serem cultivados. Os outros três são: Amor-bondade, Alegria-altruísta e Equanimidade (igualdade de ânimo tanto na desgraça quanto na prosperidade). A piedade, ou pena, por outro lado, carrega um certo ar de superioridade e até desdém. Não é fácil chegar à percepção correta da interconexão de todos os seres e, conseqüentemente, à prática da verdadeira compaixão. Vivemos presos à delusão da separatividade, cultuamos a nossa individualidade e vivemos um profundo isolamento interno. Assim, nos percebendo como ‘separados’ dos outros seres, dificilmente podemos nos reconhecer como essencialmente ‘iguais’. Desenvolvemos certa arrogância ou sentimento de sermos ‘especiais’ – que pode se expressar tanto no sentido ‘sou especial, superior aos outros’ quanto no sentido ‘sou especial, inferior aos outros’. Perdidos nessa delusão, fica praticamente impossível desenvolvermos a verdadeira compaixão. E fica igualmente difícil compreender a diferença entre compaixão e pena".