sábado, 23 de abril de 2011

O SIMPLESMENTE "SER"...


                                    

      Quão lindo é o canto do sabiá! Para ele não há tristeza ou alegria, sua natureza é o cantar...
E as flores!? Encantam o mundo com sua beleza, multicoloridas, perfumadas, puras..., se confundem em várias espécies, e assim se misturam nos jardins, nos campos, nas montanhas, nos bosques..., e ali permanecem se doando à vida..., purificando e perfumando o ar, sem nada questionar, pedir ou cobrar, por que essa é a sua natureza...
Os animais irracionais vivem de acordo com as normas da natureza, e se as desrespeitam, é certo que o fazem por algum tipo de influência ou por motivo de força maior, por algo que os obrigue a lutar por sua sobrevivência, mas a obediência interior e a pura confiança em seu instinto e na vida são a sua natureza...
E a sua natureza? Você a conhece? Já parou para pensar sobre isso?
        Há  alguns milênios atrás, o homem dotado da inteligência que lhe é inerente, vivia da razão e da intuição, seu coração era dotado de sentimentos sublimes...,
vivia uma vida de respeito e integração com a Mãe Natureza, que lhe abrigava e sustentava as necessidades físicas e também espirituais. Era possível devido a pureza de sentimentos daqueles seres, manterem contato direto com os espíritos da natureza que os aconselhavam e orientavam em seus atributos e necessidades diários, ensinando- lhes sobre os segredos das plantas e como usá- las em seu benefício, também sobre o uso e proveito dos minerais, e outras centenas de aspectos como as leis da fenomenologia e etc..., para que tivessem uma vida feliz e tranqüila, baseada no respeito mútuo...
               Os seres eram abertos à intuição e buscavam no criador e em sua voz
interior as respostas para todas as dificuldades que por ventura lhes cruzassem o caminho da existência.
                  Eram destemidos, confiantes e felizes pois conheciam sua essencialidade e dela extraíam  forças e sabedoria para todas as ocasiões...
                   Levavam uma vida simples, sem grandes  ambições, baseada no trabalho em prol da família e da comunidade. Todos viviam em igualdade e dignidade, protegiam- se reciprocamente e tinham em seu íntimo um sentido profundo de unicidade.
               O amor era um sentimento comum à todos..., se estendia naturalmente sem restrições, pois esta era a sua natureza...
                 Então lhe pergunto! Em que parte da história nos perdemos?
O que foi feito da natureza de nossos sentimentos? De nossa essencialidade! De nossa pureza inata?  Em que parte do tear perdemos o fio, deixando que a lã descarrilhasse...
                 Que sentimentos  abrigamos no coração? De onde eles nasceram?  Por que abandonamos o abrigo, por que lutamos contra a  terra, por que massacramos o nosso igual, por que nos dividimos, como se diferentes fossemos ? A realidade perdeu sua seguridade para a ilusão! Vivemos uma vida competitiva e alucinada, tragando a nossa integridade e a do próximo, invejando os bens alheios, vivendo uma vida sem sentido, baseada no medo de perder, de ficar para trás, de ser inferior, ultrapassando todos os limites da insensatez, amontoando culpas, ações e sentimentos negativos por um conceito acumulativo sem fundamento, já que  a vida declina na morte e na morte não há suporte para bagagem material .
               A ignorância e a estupidez se fizeram inquilinas da mente humana, e aos sábios intitulamos de sonhadores ou loucos..., que linha diverge a loucura da razão? O sensato do insensato? Puro conceito!

Apegamo-nos ao abstrato como se definido fosse, dirigimos nossa eternidade pelo lado oposto, nos agarrando a matéria, querendo esticar a vida a todo custo, como se isso fosse fundamental e necessário...,  tristeza é o sentimento do que enxerga com clareza, pois que a humanidade chega as vias da comédia, tamanha sua confusão mental!
O espírito que é sua verdadeira natureza, passou  a assombrá- la como fantasma desconhecido..., quanto engano..., como conseguimos nos afastar tanto da fonte, nos perdemos em nosso próprio caminho...

                    

           Porém a senda espiritual nunca se fecha, o criador é todo amor, compaixão e paciência, podemos nos perder no caminho, “mas não perdemos o caminho”, POIS ELE É NOSSA NATUREZA; pode ela estar adormecida, esquecida, encostada, mas sempre estará ali, nos esperando despertar para a verdade..., para a profunda realidade do simplesmente ser... e existir...! 
                                                                            CLAUDIA ABREU

                                                            

·                    “A filosofia oriental, ao contrário da grega, sempre sustentou que espaço e tempo, são construções da mente. Os místicos orientais trataram-nas da mesma forma com que lidaram com todos os demais conceitos intelectuais, ou seja, como algo relativo, limitado e ilusório. Num texto budista, por exemplo, deparamo-nos com as palavras,
  
Foi dito pelo Buda, ó monges que [...] o passado, o futuro, o espaço físico[...] e os indivíduos, não passam de nomes, formas de pensamento, palavras de uso comum, realidades meramente superficiais”.              (Fritjof Capra, O Tao da Física)

        “As leis [naturais] não são forças externas as coisas, mas representam a harmonia do movimento a elas imanente”.

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