quinta-feira, 9 de junho de 2011

OS LUTADORES...




Quando falamos em luta, logo pensamos em um ringue de MMA, com dois lutadores super treinados e conhecedores de seu potencial físico e técnico, como também mentalmente preparados para as surpresas relativas aos pontos fortes e fracos, tanto os seus, quanto os do adversário, prontos para dar tudo de si, ganhar ou perder... Mais o importante mesmo é o saber lutar..., participar, testar seus limites sua força..., sua determinação, não apenas ter o troféu da vitória sobre o outro, mas principalmente, ter o prazer extasiante de vencer a si mesmo...
Contudo, se expandirmos esse ringue, percebemos que as lutas se fazem todo o tempo e em todos os lugares..., mas ao contrário do que vemos no esporte, as pessoas lutam para sobreviver..., para respirar, comer, lutam para estudar e aprender, para trabalhar, para pagar as contas que a vida lhes apresenta, lutam... pela justiça, pela segurança, pela tranquilidade, pela felicidade... . Lutam pelo poder, pois tudo querem ter, lutam contra a terra e pela terra, lutam e matam seus semelhantes..., e lutam até pela religião e em nome de Deus, como se Deus cobrasse, quisesse ou estimulasse o ódio e o terror, como se Deus apoiasse o olho por olho, dente por dente... Como se Deus apreciasse as loucuras construídas pelas desvinculadas e desvirtuadas mentes humanas! Desde quando Deus assumiu o cargo de factótum da humanidade para assuntos antagônicos aos seus princípios...? E os humanoides nem vergonha têm, de colocarem o nome de Deus na corda bamba de suas paixões alucinadas e passageiras...
Contudo, por tudo lutamos... Pela ética e pelo absurdo, pelo que julgamos certo e pelo que julgamos errado, por tudo o que diverge dos moldes traçados pelas linhas obscuras do embuste social. Lutamos pela verdade, mas vivemos sorrateiramente na hipocrisia... . Lutamos pela saúde em toda a sua complexidade, quando penosamente..., somos os fabricantes de nossos próprios venenos...
E ainda temos o desplante de dizer que lutamos pela paz, como se a paz pudesse nascer límpida e imune às feridas deixadas pela guerra!
Lutamos contra tudo, já que somos o centro das ambiguidades, e estamos em guerra interior constante por conta de nossa ambivalência...
Estamos inconscientemente, sempre em busca de entender a verdade que há intrinsecamente em nós, mas, que foi esquecida, e que por tanto, tornou- se indistinta, desconhecida, não sabemos mais como usá-la, pô-la em prática, pois que é  independe das paixões humanas e é autossustentável...
Para mudarmos de uma vez por todas, toda essa situação, temos de lutar a verdadeira luta..., aquela que deve ser travada em nosso ringue interior...,


em nosso solo sagrado..., aquela com a qual, nosso adversário está refletido no espelho da alma! Nas volúpias da mente...
Aquele que julgamos conhecer, mais que desconhecemos...
Aquele que vivemos procurando, mais não podemos encontrá-lo íntegro, pois que está camuflado e dividido em várias partes...
Aquele do qual não podemos conhecer o verdadeiro semblante, pois que é dono de muitas faces...
Este é o nosso mais temível adversário!
Como dizia Jesus Cristo: “Amai- vos uns aos outros, como eu vos amei”...,


frase muito sábia e profunda, pois que, só a partir da autocompaixão e conhecimento interior é que se torna possível estender nosso amor ao outro de forma legítima; portanto vejo nela a única saída para nos livrarmos da turbulência emocional que mantém a cegueira de um ego coletivo inflado, inflamado, impiedoso, centralizador e ignorante...
No momento em que buscarmos a nós mesmos para um confronto com nosso eu, onde vamos encontrá-lo? Como esse “Eu” foi construído, a partir do que? 
Esse eu foi construído a partir de todas as suas relações psíquicas e perceptivas...
Se você fosse uma criança com 7 meses de idade e o levassem para uma ilha deserta com toda infra-estrutura natural e o deixassem lá, o que aconteceria? Hipotéticamente..., se você não morresse, e por sorte e misericórdia  Divina, fosse supostamente adotado por um bando de uma certa espécie animal, certamente agiria e viveria como eles; pois inegávelmente o homem é fruto do meio, do que ouve, do que vê, do que sente ou o fazem sentir, dos exemplos que têm, da forma como é amado, repreendido, tratado, incentivado, ensinado..., é uma coletânea de tudo o que viveu, capturou e imprimiu em si, até apropriar–se de uma consciência individual, eu ou self. Com isso, todo esse conglomerado de conhecimentos, sentimentos e emoções, que traz consigo toda uma herança social, torna-se gradativamente uma estrutura mental, revelando de forma evidente, que somos um pouco da influência de tudo e todos que fazem e fizeram parte da construção de nosso universo interior ou self. Portanto o que somos se não o todo? Como podemos atacá-lo, menosprezá-lo, se dependemos dele para que nossas vidas tenham sentido, então nos resta como seres conscientes do que somos, estender nosso amor ao próximo... Porém primeiramente temos de buscar o autoconhecimento, a compreensão de nós mesmos, “tentar” incansávelmente, sentir profundamente, avaliar e definir nossos sentimentos, pensamentos e ações relativos ao nosso eu em interação com o eu do outro nas inúmeras situações que constituem as fases, situações e acontecimentos da vida... .  Fazer uma faxina nas impressões negativas, tentar enxergar que somos todos falhos e em muito ou quase tudo “semelhantes”. Procurar fazer melhor do que nos foi ensinado..., do que vimos, ouvimos e sentimos...
“Tentar é sempre a luta da resistência, de nadar contra a correnteza. É a incerteza que nos faz dizer: “não sei se comigo”. Nosso tema é vamos fazer. E não o faremos no espaço desconhecido, mas simplesmente pela afirmação, pelo reconhecimento e pela expansão. O  que fazemos na realidade, é empurrar o envelope por debaixo da porta. O seu conteúdo emocional sairá de lá de dentro, quer você goste ou não, quer você tente prendê-lo, segurá-lo ou qualquer que seja seu objetivo. O melhor é simplesmente reverênciá-lo.” (Êxtase-Cris Griscom).

Pois reverenciando, compreendendo, superando e perdoando nossas falhas, num sentido de compaixão e amor para com o eu individual, buscando a superação e o entendimento em sua forma mais ampla e profunda, automáticamente nos fundiremos no eu superior, então, teremos a ciência de que só a partir do amor pode haver uma transformação social, pois o que de forma intrínseca não quero para mim, conscientemente, também não irei querer para os outros... Se conseguirmos enxergar de forma clara o todo em nós, então as guerras e lutas interiores e por consequência exteriores, perderão seu sentido. Os pensamentos, sentimentos e ações estarão voltados simplesmente para a comunhão do bem..., os valores que moverão o mundo, estarão libertos de toda a ilusão, entenderemos que a real e duradoura felicidade não pode ser encontrada nas coisas exteriores e inconstantes, e que dentro de nós carregamos um universo extasiante, pleno e duradouro..., pronto para ser redescoberto e gozado de forma inimaginável...
Sendo assim, as lutas se farão apenas nos ringues, e nos esportes em geral, como treinamento, para o fortalecimento do físico,


do psíquico


  do emocional


e para testar nossa força e poder de vencer todos os “limites” que “supostamente” possamos vir imaginar ainda ter.
Claudia Abreu




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