quinta-feira, 7 de outubro de 2010

''Constatação''

                                  


                                                                                              FOTO: ROBERTO ABREU FILHO

 Eis, que reluz a aurora de um tempo insano, mentes atarantadas, corações enfraquecidos, visões distorcidas, sentimentos vazios, perdidos de seu legítimo sentido, valores infundados...
                         O verdadeiro AMOR debilitado,é confundido com prazeres instantâneos e autodestrutivos, o sexo que se mesclava com o amor em nuances perfeitas, dando origem a obras divinas num êxtase profundo, hoje se mescla com a leviandade e a promiscuidade, numa valorização excessiva do corpo, como sendo simples objeto de uso pelo prazer, semelhante a um copo descartável, ocupa-se para matar a sede, e depois descarta-se.
                          Então me pergunto, onde foi parar o verdadeiro conteúdo ?  O conteúdo de todas as coisas, daquelas que antes tinham valor primordial, inestimável, que faziam parte de nossa essencialidade ?
Se perderam ? Ou foram superadas por conceitos modernos, superficiais, quem sabe vendidas, trocadas por  dinheiro, pela valorização desenfreada e desmedida do material, nesse mundo louco, capitalista, mecanicista e inorgânico ?
                        Creio que chegamos ao ápice de uma era yang, totalmente tendente ao masculino; criativa, porém agressiva, expansiva, mas competitiva ao extremo, racional e analítica, sobrepujando-se a sabedoria interior e intuitiva. A ciência se ergueu sobre a religião, a competição sobre a cooperação; a exploração de recursos naturais de forma incontrolável..., perfurando, agredindo e destruindo a nossa terra, em vez da conservação; somando-se assim, um estado de barbárie consecutivo em todos os sentidos. Gerando um desequilíbrio cultural, que é a base estrutural de nosso actual colapso, comprometendo nossa saúde individual, social e ecológica de forma incalculável...
                          Nessa era egóica, nos colocamos como deuses, acima de todo bem e de todo mal , nos alimentando do poder que roubamos da terra, nossa Mãe Divina...,  nos agigantamos no orgulho da inteligência racional, totalmente destituída do dom do intuitivo, do sagrado, que nos mantinha ligados com nossa essencialidade, que nada mais é, que a energia viva, sublime e mantenedora  da união e consagração  de todas as coisas...   Por esse afastamento, deixamos de ouvi-la, senti-la, respeitá-la. Perdemos a noção do poder da Terra, e a perdemos no momento em que deixamos de nos ver e sentir como um só corpo, como algo substancialmente único, totalmente e profundamente interdependentes...; e passamos a feri-la, ultrajá-la, flagelá-la, sufocá-la, estuprá-la, por uma espécie de inclusão ao feminino, num ato de covardia, insanidade, e estupidez irreparáveis...
                        Se por um momento retomássemos nossa capacidade anímica de percepção, de forma realmente liberta e consciente, veríamos e sentiríamos intuitivamente, que com tais actos estamos certificando nossa total destruição, pois enfraquecendo e desestruturando a mãe, desequilibramos as entranhas, as estruturas internas, o núcleo, onde tudo está contido, o útero onde tudo se forma e proporcionalmente mantém a existência através do cordão da vida, que incondicionalmente nos alimenta, energiza e sustenta, mantendo-nos espiritualmente, fisicamente e mentalmente saudáveis.
                         Porém a Mãe desestruturada, começa a dar sinais de seu mal cronico, dessa doença que aos poucos vem lhe consumindo, corroendo, esvaindo suas energias vitais; e me dói dizer, que esta doença, somos nós, seus filhos pródigos, nascidos e criados em seu âmago, que num ato de matricídio lento e inescrupuloso, num misto de masoquismo inconsciente e auto destrutivo, vão ceifando a própria existência.
                            Terremotos, dilúvios, tsunames, desmoronamentos..., a Mãe sofre de um colapso irremediável, e a massa ignorante e suicida, morre aos milhares, mas não perdem a ganância, e não param para refletir, sentir que sufocamos o que há de mais precioso..., o "Amor de Mãe", o Amor da Vida, e pela Vida..., a integridade, o ato de se honrar o "Valioso", o insubstituível, o que não pode ser traduzido em palavras, o Divino...
                              Me pergunto, se ainda há tempo para uma mudança mesmo que radical em nosso comportamento; feridas profundas foram abertas e gotejam sangue e sofrimento de forma incessante.
                               A  minoria de filhos conscientes e amorosos, que sentem e enxergam o mal, e vão à luta para combatê-lo, chocam-se contra a indiferença dos mentores poderosos, que vêem o caos debruçados em seu egocêntrismo doentio, mentindo para si mesmos, ter piedade e compaixão da Terra, e da massa que os segue, se deixando levar pela enxurrada de lavagens cerebrais e engendros maléficos, aos quais se submetem todo o tempo e de todas as maneiras, perdendo seu senso de autodireção, discernimento e percepção, sofrem pela imprudência e ignorância, sucumbindo em si mesmos. Pois os que jogam a isca, não se compadecem do peixe, e tão pouco lembram-se em sua ganância, que faltando o peixe morrerão de fome...
                                    Desta forma, a minoria intuitiva e amantes da Mãe, se salvarão na fé e pelo respeito a vida em toda a sua plenitude..., pois que para a boa e fértil natureza, nunca faltam sementes prontas para germinar em solos adubados de AMOR...

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