sábado, 16 de outubro de 2010

INVOLUÇÃO...

                                          FOTO: SANDRA ELIZA ZACALUZNE

             Observo o tempo que passa, com os olhos da eternidade..., as vezes me sinto uma estranha em meu próprio mundo, em meu próprio tempo, e me pego rindo das transformações da vida..., e no que nos convertemos, e reflito sobre o que somos; uma espécie esquizita, percebo que não evoluímos, mas sim, regredimos. Que as melhores épocas já se foram, e me tomo assombrada pelos anos vindouros. Há algo perdido, algo que ficou para trás, que se dissipou com o que chamamos de evolução, algo tão essêncial quanto a própria vida, quanto a felicidade, quanto a integração, quanto a paz simples e legítima do ser, quanto a emoção e gratidão de se estar vivo..., quanto a alegria de se experimentar a vida de forma natural e desempedida..., realmente corajosa, confiante, integra...
           Sinto falta do contato próximo, das longas caminhadas, dos alimentos simples e saudáveis, da água pura do poço, do banho frio ao relento sob o céu iluminado, da luz de candeia, dos remédios naturais, das divertidas e singelas histórias, contadas pelos mais experiêntes, das brincadeiras infantis, enchendo o ar de alegria inocente..., na frente das casas, que se mantinham de portas abertas para o livre fluxo da criançada, dos banhos de enxurrada em dias de chuva, das ruas sem asfalto, quando a terra ainda podia respirar..., tudo era táo mais saudável, tranqüilo..., tão mais livre, simples, íntimo, éramos tão mais próximos da felicidade interior... .
          Porém, com a busca incessante pela evolução e facilidades, nos tornamos déspotas por nossa inteligência, tiranos de nosso poder de criação, algozes de nós mesmos. A paz, a confiança, a alegria interior e o verdadeiro amor se tornaram sentimentos raros, distantes, se perderam com as lembranças do passado..., nos quedamos estranhos, desconfiados, medrosos, infelizes, trancados em nosso mundo interior inóspito, já que também o exterior se torna a cada segundo de tempo, um mundo mais frio, corrompido, cruel, totalmente destituído de sua natureza divinal. Com isso, as doenças se apossaram do corpo físico e mental da humanidade, a depressão se tornou um mal comum, se depositou sobre a mente humana, como peso de uma raça, que se perdeu e se perde mais e mais nos caminhos intrincados e obscuros da evolução.
            Olhe para as ruas, veja quantos carros, pequenas celas postas sobre rodas, diminuem as distâncias, mas afastam as pessoas, atrofia seus músculos, cala suas bocas, e as conduz ao limite do perigo de um trânsito louco e infernal, onde a pressa fala mais alto que o preço da vida. E as criaturas ainda se envaidessem, dos modelos, valores e desenhos aerodinâmicos de suas celas velozes. Mentes apagadas de sua própria luz, condicionadas, encabrestadas pelo poder e pressão da mídia, dos que se acham os donos do mundo, condutores das massas, supostas mentes brilhantes, comandantes da humanidade, e controladores de mentes, todavia ironicamente, comandados pelo poder das notas e cifrões, coveiros da sua própria integridade existêncial.
         Que mundo ilário, sem sentido, desmedido, ignorante, insensato...
         Que evolução é essa que destrói o que é puro, original..., e transforma o mundo, a si mesmos, ''seres racionáis", e portanto responsáveis por todas as espécies que os seguem, num verdadeiro caos...!
         Estamos sendo destruídos pela ganância, pela inteligência descaracterizada, pois que a criação está destruindo o próprio criador, já que este se perdeu na vaidade e orgulho, trocou sua divindade, pelas riquezas da vida, pelo poder passageiro, pelas ilusões de uma existência totalmente efêmera, como também o são as coisas e riquesas do mundo, pois pertencem ao mundo, que à nós, apenas as empresta por um tempo limitado, esperando que as utilizemos de forma sensata pra nós e para todos; já que o corpo é perecível, e a vida material não é eterna.  Mesmo assim o homem que se julga tão inteligente, prefere manter- se cego e incônsciente aos fatos.
           Afinal..., porque nos envolvemos com tantos absurdos? Onde perdemos nossa clareza de raciocínio, nosso discernimento, nossa intrínseca percepção...?
           Estamos involuindo em nós mesmos! Triste constatação!
           Que Deus se apiede de nós...
           E num único momento de alucinação, nos conceda novamente o dom da verdade universal...
           Que involuindo, possamos encontrar o caminho de volta...!
     
Claudia Abreu

Um comentário:

  1. Realmente! A humanidade caminha, cada vez mais distantes das verdadeiras sutilezas da vida... Do encontro com nosso eu original e com as coisas simples da nossa existência... Mas... nos encontramos com alguns poucos interessados nessa verdadeira essencialidade espiritual e sutil, a qual deveria ser a busca de todo ser.

    Eu te encontrei e estamos na mesma busca...
    Te amo mãe!!!!
    Beijossss!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Carol

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